quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O _ PARTE I

Hoje preparo O.
A escolha de um nome, ou o nome que nos adopta, aquilo que somos, o que nos rodeia, as nossas raízes, as histórias que se contam em volta da mesa.
A loucura e a morte, ou a sanidade de viver.
A força. A fé. A simplicidade.
Uma sociedade envelhecida, um facto.
Ao preparar-me penso no feminino. O seu fado, as suas mãos, a fortaleza de coração, a brusquidão das palavras certas, o carinho na beira do prato, o peito morno aconchegante. Umas assim, outras diferentes.
Como no relato que ouvi das mulheres da Guiné Bissau, que tomam seu o seu destino, que desejam livres os homens, em igualdade. Uma nação jovem, matriarcal. Isto contado por uma mulher tão impressionante quanto a descrição que fez do país, alguém que vi pela primeira vez.
E aquelas que nos deram a vida e que têm a paciência da eternidade? Essas merecem o carinho maior. O cuidado de estarmos por perto, amando, mas sem esquecer que por mais tempo que passe também elas têm direito aos seus amores e segredos, às suas dúvidas e certezas, ao seu espaço, à sua criatividade, à sua liberdade.
A liberdade não tem idade, nem nome certo.
O faz da mesa_cama, da toalha_lençol, da loiça_flores, das palavras_alimento.

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